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sexta-feira, 12 de abril de 2019

Estilo de vida é a causa de 63 mil mortes de câncer por ano no Brasil

O estudo foi realizado pelo Departamento de Medicina da USP

Por Agência Brasil
- Atualizado às 15h56 de 11/04/2019


Estilo de vida é causa de um terço das mortes por cancêr no Brasil -
São Paulo - Um terço das mortes causadas por 20 tipos de câncer no Brasil poderia ser evitado com mudanças no estilo vida. Tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso, alimentação não saudável e falta de atividade física são fatores de risco associados a 114 mil casos da doença (27% do total) e 63 mil mortes (34% do total) por ano no Brasil.
Os dados, publicados na revista Cancer Epidemiology, fazem parte de um estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Harvard University, nos Estados Unidos, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O levantamento aponta, por exemplo, que a incidência de câncer de pulmão, de laringe, de orofaringe, de esôfago, de colón e de reto poderia ser reduzida pela metade caso esses cinco fatores de risco fossem eliminados. Leandro Rezende, pesquisador da FMUSP e um dos autores do estudo, destaca que não se conhece outra forma de prevenir tantos casos.
“O que nos surpreende é a magnitude de casos e mortes que a gente conseguiria evitar a partir da redução desses fatores de risco. Esse número deve chamar atenção para políticas públicas de redução do risco de câncer no Brasil”, disse à Agência Brasil.
Estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que, em 2025, os casos de câncer cresçam em até 50% no Brasil em decorrência do aumento e do envelhecimento da população. Atualmente, a doença é a segunda causa de morte no país.
O levantamento da FMUSP, contudo, aponta que, além das mudanças na estrutura populacional, o aumento da prevalência desses cinco fatores de risco no estilo de vida do brasileiro pode representar novos desafios para o controle do câncer na população.
Os pesquisadores traçaram estimativas de redução da doença caso esses fatores sejam reduzidos.
“Trabalhamos com algumas metas ou recomendações que são mais plausíveis de serem atingidas em nível populacional e que estão presentes em alguns documentos e recomendações por agências internacionais”, explicou Rezende.
Foi considerado o seguinte cenário: o consumo de álcool com uma redução relativa de 10%, uma diminuição de 1 kg/m2 no índice de massa corporal na média da população, uma dieta de cálcio de 200 mg a 399 mg por dia e a redução de 30% na prevalência do consumo de tabaco.
Essas alterações, do ponto de vista populacional, poderiam evitar 19.731 casos de câncer (4,5% dos casos) e 11.480 mortes (6,1%).
Políticas públicas
Rezende destaca que essas estimativas contribuem para formulação de políticas públicas na área de saúde pública. Ele cita como exemplo o combate ao tabagismo no Brasil que conseguiu reduzir para menos da metade a proporção de fumantes em relação a década de 1990.
“Hoje, aproximadamente 10% da população brasileira fumam [antes, eram mais de 30%]. Quando o Brasil adotou um pacote de medidas, leis e regulamentação do tabaco no Brasil, como a tributação do cigarro, a proibição do consumo em local fechado, a gente teve um impacto bastante positivo na saúde da população”, disse.
O pesquisador aponta que o tabagismo é responsável por 67 mil casos de câncer por ano no Brasil, o equivalente a 15,5% dos casos e 40 mil mortes.
“Tem um debate bastante atual de que se deveria reduzir o imposto dos produtos derivados do tabaco para diminuir o consumo de cigarro contrabandeado. É importante trazer a magnitude do estrago que o cigarro faz na saúde da população quando se estimula o consumo. Hoje, o Brasil é um case de sucesso e a gente, primeiramente, precisa manter isso”, defendeu.
Um grupo de trabalho foi instituído em março deste ano pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para avaliar “a conveniência e oportunidade” da redução da tributação de cigarros fabricados no Brasil.
Para Rezende, o combate ao tabagismo poderia servir de exemplo para a elaboração de outras políticas no campo da alimentação.
“Rotulagem, restrições de marketing e aumento de impostos de produtos da indústria de alimentos para desestimular o consumo são propostas possíveis de serem implementadas pegando emprestado o case de sucesso do tabaco para tentar reduzir o excesso de peso e obesidade da população no Brasil”, sugeriu.
Ele lembra que o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, recomenda que sejam consumidos principalmente produtos in natura e que se evitem alimentos processados, especialmente ultraprocessados.
Metodologia
A pesquisa partiu do consenso na literatura científica de que cinco fatores de risco – tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso, alimentação não saudável e falta de atividade física – estão associados a 20 tipos de câncer.
O que o novo estudo fez foi calcular a fração atribuível populacional (FAP) da doença relacionado a dados populacionais sobre o índice de massa corporal (IMC) elevado, consumo de cigarro, álcool, prática de atividade física e informações sobre a alimentação.
De acordo com os pesquisadores, a FAP é uma métrica que estima a proporção da doença possível de prevenir na população caso os cinco fatores de risco fossem eliminados, mantendo as demais fatores/causas estáveis.
Os dados sobre a distribuição dos fatores de risco do estilo de vida foram calculados a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, para estimar consumo de álcool, índice de massa corporal (IMC), consumo de frutas e hortaliças, atividade física, tabagismo e fumo passivo entre não fumantes no Brasil.
Foi utilizada também a Pesquisa Nacional de Orçamentos Familiares (POF), realizada entre 2008 e 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para obter o consumo alimentar de fibras, cálcio, carne vermelha e processada.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

SAÚDE: LÚPOS

Fevereiro roxo: entenda o lúpus, doença que afeta Selena Gomez 


Doença autoimune causa inflamações na pele, articulações e órgãos; apesar de não ter cura, o lúpus pode ser tratado e paciente pode ter vida normal



  • Giovanna Borielo, do R7*


Selena Gomez fez um transplante de rim em 2017 devido ao lúpos.

O lúpus é uma doença reumática crônica e autoimune, comumente identificada em mulheres na idade fértil, entre 15 e 35 anos. Uma dessas mulheres afetadas é a atriz e cantora norte-americana Selena Gomez que, em 2017, passou por um transplante em decorrência de uma complicação do lúpus, e fala abertamente sobre sua doença.
De acordo com o reumatologista Luís Carlos Latorre, membro da Comissão de Lúpus da SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia), a doença se caracteriza pela produção de anticorpos que atacam o próprio organismo — os auto-anticorpos.
O mês de fevereiro é marcado pela campanha Fevereiro Roxo, visando a atenção à fibromialgia, lúpus e Alzheimer, doenças sem cura. Entretanto, mesmo que o lúpus não tenha cura, a doença pode ser bem controlada e o paciente pode ter uma vida normal.
De início, os sintomas podem ser confundidos com outros problemas, já que se apresentam pela indisposição, febre, perda de peso e de apetite. O diagnóstico do quadro é feito por meio da análise clínica dos sintomas, somados aos resultados de exames de sangue, entre eles, o exame de fator antinúcleo (FAN), que detecta a presença dos auto-anticorpos.
Segundo Latorre, o ataque desses anticorpos causa processos inflamatórios, podendo acometer pele, articulações, e alguns órgãos, como os rins, que são afetados de 40% a 50% dos casos, e o coração. O acometimento dependerá do tipo de lúpus, que pode ser cutâneo, afetando a pele, ou erimatoso, afetando órgãos e articulações.Quando as inflamações não são controladas, esse acometimento dos órgãos pode resultar em problemas de seu funcionamento. 
O lúpus pode ser tratado com o auxílio de um médico reumatologista, que receitará medicamentos corticóides para reduzir as inflamações, e imunossupressores, para que os anticorpos parem de atacar os órgãos saudáveis e a pele. A dosagem dos medicamentos pode diminuir conforme a evolução do tratamento e a remissão da doença.
O tratamento de lúpus também é oferecido gratuitamente por meio do SUS (Sistema único de Saúde).
Latorre afirma que o paciente portador de lúpus deve ter alguns cuidados para que não haja a reativação da doença, usando sempre protetor solar com fator de proteção acima de 30, evitar exposição ao sol, evitar o uso de anticoncepcionais com estrógeno e ter uma dieta controlada para evitar o aumento de colesterol.
Fonte: https://noticias.r7.com/saude

sábado, 9 de fevereiro de 2019

O Alzheimer

Atividades físicas e sociais protegem cérebro de danos do Alzheimer

Estímulos promovem mudanças que protegem o cérebro de lesões que causam a perda de memória e de funções cognitivas

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  • Praticar atividades ajuda a proteger o cérebro de lesões para o Alzheimer

    Praticar atividades ajuda a proteger o cérebro de lesões para o Alzheimer

    Pixabay



    Atividades físicas, sociais e de lazer praticadas por idosos e pacientes com doença de Alzheimer podem ajudar a preservar funções cognitivas e a retardar a perda da memória, mostra novo estudo desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP) e na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Os estímulos promovem mudanças morfológicas e funcionais no cérebro, que protegem o órgão de lesões que causam as perdas cognitivas.

    A descoberta foi feita por meio de um experimento com camudongos transgênicos, os quais foram alterados geneticamente para ter uma super expressão das placas senis no cérebro. Essas placas são uma das características da doença de Alzheimer. Os animais foram separados em três grupos: os transgênicos que receberiam estímulos, os transgênicos que não receberiam e os animais-controle que não têm a doença.


    “Quando eles estavam um pouquinho mais velhos, por volta de 8 a 10 meses, colocamos parte desses animais em um ambiente enriquecido, que é uma caixa com vários brinquedos, e fomos trocando os brinquedos a cada dois dias”, explicou Tânia Viel, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e coordenadora do projeto.

    O experimento durou quatro meses e, após esse período, eles foram submetidos à avaliação de atividade motora, por meio de sensores, e de memória espacial, com um teste chamado labirinto de Barnes. Os resultados mostram que os camudongos transgênicos que foram estimulados com os brinquedos tiveram uma redução de 24,5% no tempo para cumprir o teste do labirinto, na comparação com os animais que não estiveram no ambiente enriquecido.


    Também foram analisados os cérebros dos camundongos. Ao verificar as amostras do tecido cerebral, os pesquisadores constataram que os animais transgênicos que passaram pelos estímulos apresentaram uma redução de 69,2% na densidade total de placas senis, em comparação com os que não foram estimulados.

    Além da diminuição das placas senis, eles tiveram aumento de uma proteína que ajuda a limpar essa placa. Trata-se do receptor SR-B1, que se expressa na célula micróglia. O receptor faz com que essa célula se ligue às placas e ajude a removê-las. “Os animais-controle, sem a doença, tinham essa proteína que ajuda a limpar a placa, inclusive todo mundo produz essa proteína. Os animais com Alzheimer tiveram uma redução bem grande dessa proteína e os animais do ambiente enriquecido [que tiveram estímulos] estavam parecidos com os animais-controle”, explicou Viel.


    A pesquisadora diz que o trabalho comprova hipóteses anteriores e que agora o grupo trabalha para ampliar a verificação em cães e seres humanos. Para isso, será necessário, inicialmente, descobrir marcadores no sangue que apontem a relação com a doença de Alzheimer.

    “Em ratos, a gente analisa o cérebro e o sangue para ver se esses biomarcadores estão tanto no cérebro quanto no sangue. Quando a pessoa perde a memória, há algumas proteínas que aumentam no cérebro e outras que diminuem. Nos cães e nos seres humanos, a gente está vendo só no sangue”, justificou. Com a descoberta desses marcadores no sangue, será possível fazer experimentos similares ao do camundongo, com testes motores e de memória, para confirmar ou descartar as alterações em cães e seres humanos após os estímulos.


    Para Tânia Viel, como não se sabe qual ser humano desenvolverá a doença, quanto mais aumentar a estimulação na vida dele, melhor vai ser para a proteção do cérebro. “É mudar a própria rotina. Muita gente fala que não teve tempo para fazer outras coisas, mas se a pessoa tiver condições e puder passear no quarteirão, já começa por aí, fazer uma atividade física e uma atividade lúdica, passear com cachorro, com filho, curso de idiomas, de dança. Isso ajuda a preservar o cérebro”, sugere.

    O estudo foi publicado na revista Frontiers in Aging Neuroscience e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.


  • O Alzheimer é uma doença degenerativa do sistema nervoso que leva a alterações progressivas da memória, do comportamento e da funcionalidade. Está relacionada ao envelhecimento, embora também esteja associada a fatores de risco como hipertensão, diabetes, colesterol elevado, sedentarismo, obesidade, baixa escolaridade e até mesmo isolamento social e sintomas depressivos, segundo o neurologista Rodrigo SchultzFoto: Pixabay

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

SAÚDE: Hanseníase

Hanseníase: saiba quais são os sintomas e tratamentos da doença

Em Goiás foram registrados 1.342 casos em 2017
Foto: Divulgação
Este domingo, 27, foi instituído pela Organização Mundial da Saúde como o Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase. O tema deste ano são as incapacidades físicas causadas pela doença, que coloca o Brasil na segunda posição do mundo, entre os países que mais registram novos casos da enfermidade.
A médica dermatologista, Paula Azevedo Costa, explica que a doença, considerada a mais antiga da humanidade. não é hereditária e sua evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa que foi infectada.

“Os principais sintomas são manchas na pele que podem ser únicas ou várias e de diferentes formas e tonalidades, sendo claras ou avermelhadas e essas manchas podem provocar também alterações de sensibilidade ao frio, calor e toque”, afirma.
Outros sintomas comuns são formigamento, sensação de choque, dormência e queimaduras nas mãos e pés pela perda da sensibilidade, além de falta de força e problemas nos olhos.
A hanseníase é uma doença infecciosa, causada por um bacilo que acomete a pele e os nervos. A forma de contágio ocorre pelas vias aéreas superiores (ao falar, tossir ou espirrar), por pessoas doentes que não estejam em tratamento.
Foi por acaso que a designer de interiores, Cristiane Valim descobriu que estava com hanseníase. Ao fazer um procedimento estético no rosto, o dermatologista desconfiou de uma mancha próxima ao olho. Cristiane ficou surpresa quando o médico pediu uma biópsia. Segundo ela, na hora levou um susto porque, até então, não tinha percebido nada de diferente.
“Senti vergonha quando o médico disse que era hanseníase. As pessoas ainda têm muito preconceito com essa doença, infelizmente. Também fiquei bem preocupada porque na minha família duas pessoas tiveram hanseníase e ficaram com sequelas”, conta.
Como Cristiane descobriu a doença no estágio inicial, o tratamento foi tranquilo e ela foi curada sem nenhuma sequela.
Quando não diagnosticada e tratada precocemente, a hanseníase evolui para incapacidade física, principal responsável pelo preconceito e discriminação às pessoas acometidas pela doença, que tem cura.
Os medicamentos são gratuitos e estão disponíveis na rede SUS. O tratamento varia de seis meses a um ano, dependendo da quantidade de bacilos e lesões.
Goiás
Em Goiás, a hanseníase apresenta redução gradativa do número de casos novos. Mesmo assim, nos últimos anos, são detectados cerca de 1.400 registros por ano. Em 2016, a estatística foi de 1.320 casos notificados. Em 2017, foram 1.342 casos novos e, em 2018, os dados parciais 1.321 notificações. Porém, os dados representam 20,4/100 mil habitantes no coeficiente de detecção, índice considerado alto segundo os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Prevenção
Magna Carvalho, gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO) explica que o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno são as principais formas de prevenir as deficiências e incapacidades físicas causadas pela hanseníase.
Para a prevenção de incapacidades físicas destacam-se ações fundamentais como: educação em saúde, diagnóstico precoce, tratamento regular com a poliquimioterapia, vigilância dos contatos, detecção precoce e tratamento das reações e neurites, apoio emocional e psicológico, e ainda integração social e realização do autocuidado.
O atendimento aos portadores de hanseníase em Goiás tem como porta de entrada a atenção primária, a partir das Unidades Básicas de Saúde. Os casos com suspeita de recidiva, menores de 15 anos, reações de difícil controle e outras complicações deverão ser encaminhados às unidades de saúde de maior complexidade para confirmação diagnóstica.
Fonte: https://www.jornalopcao.com.br