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terça-feira, 26 de abril de 2016

RELIGIÃO

Se Deus está morto

Patrick J. Buchanan
Numa coluna recente, Dennis Prager fez uma observação forte.
“A vasta maioria dos principais escritores conservadores… tem uma perspectiva secular sobre assuntos da vida… Eles não têm consciência do desastre que a falta de Deus no Ocidente tem causado.”
Esses conservadores seculares podem achar que “os Estados Unidos conseguirão sobreviver se Deus e o Cristianismo morrerem,” escreve Prager, mas eles estão errados.
E, aliás, os 50 anos passados parecem confirmar o que ele disse.
A religião de um povo, sua fé, cria sua cultura, e sua cultura cria sua civilização. E quando a fé morre, a cultura morre, a civilização morre, e o povo começa a morrer.
Isso não descreve a histórica recente do Ocidente?
Hoje, nenhuma grande nação ocidental tem um índice de natalidade que impedirá a extinção de sua população natural. No fim deste século, outros povos e outras culturas terão em grande parte repovoado a Europa.
Os europeus parecem destinados a terminar como as 10 tribos perdidas de Israel — invadidos, dominados, assimilados e extintos.
E enquanto os povos europeus — russos, alemães, britânicos, bálticos — diminuem em números, a ONU estima que a população da África dobrará em 34 anos para bem mais de 2 bilhões de pessoas.
O que aconteceu com o Ocidente?
Conforme G. K. Chesterton escreveu, quando os homens param de crer em Deus, eles não passam então a acreditar em nada, mas eles creem em qualquer coisa.
Quando pararam de crer no Cristianismo, as elites europeias começaram a se converter para ideologias, ao que o Dr. Russell Kirk chamava de “religiões seculares.”
Por um tempo, essas religiões seculares — marxismo-leninismo, fascismo e nazismo — capturaram o coração e a mente de milhões. Mas quase todas estavam entre os deuses que fracassaram no século XX.
Agora os povos ocidentais adotam religiões mais novas: igualitarismo, democratismo, capitalismo, feminismo, ambientalismo e uma Nova Ordem Mundial.
Essas religiões também dão sentido para a vida de milhões, mas são substitutos igualmente insuficientes para o Cristianismo que criou o Ocidente, pois essas religiões não têm o que o Cristianismo deu às pessoas — não só uma causa pela qual viver e morrer, mas também um código moral pelo qual viver, com a promessa de que, no final de uma vida assim vivida, viria a vida eterna. O islamismo também oferece essa promessa.
Contudo, o secularismo não tem nada para oferecer que esteja à altura dessa esperança.
Olhando para os séculos passados, vemos o que o Cristianismo tem significado.
Quando, depois da queda do Império Romano, o Ocidente adotou o Cristianismo como uma religião superior a todas as outras, já que seu fundador é o Filho de Deus, o Ocidente criou então a civilização moderna, e então saiu e conquistou a maior parte do mundo conhecido.
As verdades que os Estados Unidos ensinaram ao mundo, acerca de uma dignidade e valor humano herdados e direitos humanos invioláveis, têm origem num Cristianismo que ensina que toda pessoa foi criada por Deus.
No entanto, hoje com o Cristianismo praticamente morto na Europa e morrendo lentamente nos EUA, a cultura ocidental está cada vez mais corrompida e decadente, e a civilização ocidental está em declínio visível.
Rudyard Kipling profetizou tudo isso em seu poema “Recessional”:
“Nossos navios longínquos se foram; a glória afunda nas dunas de areia: Toda a nossa pompa do passado foi-se!”
Todos os impérios ocidentais desapareceram, e os filhos de povos outrora submetidos cruzam o Mar Mediterrâneo para repovoar os países europeus, cujos povos começaram a envelhecer, diminuir e morrer.
Desde 1975, só duas nações europeias, a Albânia muçulmana e a Islândia, têm sustentado taxas de natalidade suficientes para manter seus povos vivos.
Considerando as populações europeias que estão diminuindo e as enormes ondas de imigrantes que estão vindo da África, Oriente Médio e Oriente Próximo, parece que é certeza que a Europa será islâmica antes do final deste século.
Vladimir Putin, que foi testemunha próxima da morte do marxismo-leninismo, parece entender que o Cristianismo é crucial para a Mãe Rússia, e busca reviver a Igreja Ortodoxas e escrever o código moral dela de volta nas leis russas.
E quanto aos EUA, “o país de Deus”?
Com o Cristianismo excomungado de suas escolas e vida pública por duas gerações, e os ensinos do Antigo e Novo Testamentos rejeitados como base legal, vimos um declínio social assustadoramente profundo.
Desde a década de 1960, os EUA têm batido novos recordes de aborto, crimes violentos, prisões e consumo de drogas. Embora o HIV/AIDS só tenha aparecido na década de 1980, centenas de milhares pereceram dele, e milhões agora sofrem dele e doenças relacionadas.
Quarenta por cento dos nascimentos nos EUA são fora do casamento. Para os hispânicos, o índice de filhos ilegítimos está acima de 50 por cento; para os negros, está acima de 70 por cento.
A pontuação dos estudantes do ensino médio dos EUA cai anualmente e se aproxima de países do Terceiro Mundo.
O suicídio é uma causa crescente de morte entre brancos de meia idade.
O secularismo parece não ter resposta para a pergunta: “Por que não?”
“Como é pequena, de tudo o que o coração sofre, aquela parte que as leis ou os reis podem causar ou curar,” escreveu Samuel Johnson.
Os conservadores seculares podem ter remédios para algumas das doenças dos EUA. Mas, conforme observou Johnson, nenhuma política secular conseguirá curar a doença da alma do Ocidente — uma fé perdida que parece irrecuperável.
Pat Buchanan é colunista do WND e foi assessor do presidente Ronald Reagan. Ele é católico tradicionalista pró-vida e já foi candidato republicano à presidência dos EUA.
Traduzido por Julio Severo do original em inglês do WND (WorldNetDaily): If God is dead…

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