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quinta-feira, 15 de junho de 2017

SOLUÇÃO PARA A OBESIDADE

Redução de estômago por endoscopia é testada

Agência Estado
 
Pacientes com sobrepeso ou obesidade moderada (IMC acima de 30) poderão tratar o excesso de peso com uma nova técnica de redução de estômago aprovada recentemente no Brasil: a gastroplastia endoscópica, procedimento realizado via endoscopia, de forma menos invasiva, sem cortes, que reduz o tamanho do estômago para cerca de 60%, promovendo a saciedade. A perda de peso estimada no período de um ano é de 20% a 25% do peso original.
A técnica foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro e, por enquanto, os procedimentos são realizados apenas pela Faculdade de Medicina do ABC, por meio de um protocolo de pesquisa aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), vinculada ao Ministério da Saúde, sob coordenação dos endoscopistas Eduardo Grecco e Manoel Galvão Neto - responsável pelo desenvolvimento da técnica.
O protocolo permite que a cirurgia seja feita em 30 pacientes - 8 já foram operados. A ideia é expandir ainda mais o protocolo, para que mais pacientes sejam beneficiados. Enquanto isso não acontece, Galvão Neto percorre o mundo treinando médicos para o uso da técnica, enquanto Grecco comanda os procedimentos no Brasil. No mundo todo, mais de 3 mil procedimentos já foram realizados em cinco anos, 300 deles pelo grupo de Galvão Neto.
Ao contrário da cirurgia bariátrica tradicional, indicada apenas para pacientes com IMC acima de 35 (associado à comorbidades), a gastroplastia endoscópica não é uma cirurgia propriamente dita, embora seja realizada em centro cirúrgico e com anestesia geral. Na nova técnica, um endoscópio flexível com uma câmera de alta resolução é inserido no paciente por meio da boca até chegar ao estômago. Uma agulha com um fio altamente resistente costura parte do órgão, diminuindo seu tamanho e o deixando em formato de tubo. "Dessa forma, o estômago fica mais restritivo e com menor complacência, ou seja, não consegue dilatar", explica Grecco.
De acordo com ele, o tempo de "cirurgia" é reduzido - cerca de 50 minutos, ante 2 horas no procedimento tradicional -, o que diminui os riscos de complicações no pós-operatório. Além disso, a recuperação é mais rápida, pois o paciente pode ir para a casa no mesmo dia e retomar as atividades normais em menos de uma semana. Na bariátrica convencional, o tempo de internação fica em torno de três dias e é necessário um repouso maior antes de retomar as atividades.

Primeiro brasileiro

O empresário Laurindo Gonçalves Cirqueira, de 57 anos, foi o primeiro brasileiro a se submeter ao procedimento, há um ano, dentro do protocolo de pesquisa. Ele soube que a faculdade estava selecionando voluntários e a filha o inscreveu. Na época, pesava 119 quilos e tinha obesidade de grau 1. Em um ano, o empresário perdeu 27 quilos (22,6% do peso original).
"Mesmo sabendo que eu seria o primeiro do Brasil, topei fazer o procedimento. Eu já tinha tentado todos os tipos de regime e não conseguia perder peso. Tomava remédios, fazia dietas, tomava chás, fazia de tudo e não conseguia emagrecer", diz Cirqueira. Além disso, o empresário conta que sentia muita dor nos joelhos e tinha de usar uma bengala para conseguir se movimentar. "Foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida. Hoje, graças a Deus, voltei à minha vida normal, faço caminhada, frequento a academia. Não tive dor nenhuma no pós-operatório e a recuperação foi ótima."
Por se tratar de um procedimento novo no País, a gastroplastia endoscópica ainda não tem cobertura dos planos de saúde e será oferecida apenas para pagamento particular. Segundo Grecco, o procedimento todo gira em torno de R$ 40 mil. Vários médicos brasileiros já passaram pelo treinamento e aguardam a chegada dos equipamentos para poder começar a operar.
O cirurgião bariátrico e endoscopista Admar Concon Filho, de Valinhos, já passou pelo treinamento. "Esta é uma alternativa eficiente para pacientes que não têm indicação cirúrgica, mas já esgotaram outras possibilidades de tratamento. Existem muitos pacientes que querem fazer a cirurgia tradicional, mas não eram elegíveis. Já atendi cerca de 20 pessoas interessadas nessa técnica", afirma Concon.
Caetano Marchesini, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), diz que a gastroplastia endoscópica é uma técnica que vem complementar as opções existentes para o tratamento da redução de peso e não compete com a cirurgia bariátrica por apresentar resultados muito diferentes. "Esse procedimento se aproxima mais dos resultados do balão intragástrico e não da cirurgia."

Diferenças

Segundo Marchesini, a restrição alimentar promovida pela cirurgia bariátrica tradicional é muito maior do que na técnica por endoscopia porque na cirurgia parte do estômago é realmente separada, o que altera também hormônios ligados à fome e saciedade. "A perda de peso na cirurgia bariátrica gira em torno de 40%, enquanto na endoscópica é 25%", afirma.
Em nota, o Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que a gastroplastia endoscópica ainda não consta do rol de procedimentos bariátricos reconhecidos pelo órgão. Informa ainda que, até o momento, não houve formalização de pedido para reconhecimento dessa técnica junto ao CFM e, por enquanto, o procedimento pode ser realizado apenas por meio de protocolos de pesquisa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: http://noticias.r7.com/sao-paulo

quarta-feira, 7 de junho de 2017

"ENTRE ASPAS"

"ENTRE ASPAS"
“Ditaduras cassam quem defende a democracia. O TSE cassa quem vai contra a democracia.” Ministro do STF Herman Benjamim
Obs.: Essa foi a resposta do Ministro Herman Benjamim ao   Ministro Presidente do TSE Gilmar Mendes ao dizer "que a corte cassa mais mandatos de detentores de cargos eletivos do que na ditadura."
Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/ao-vivo-o-julgamento-de-dilma-e-temer-no-tse/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification


segunda-feira, 5 de junho de 2017

SAÚDE

Brasileiros criam método para diagnosticar esquizofrenia na primeira consulta
Cientistas do Instituto do Cérebro, em Natal, usam algoritmo para analisar fala de jovens pacientes
Fábio de Castro, O Estado de S.Paulo
05 Junho 2017 | 03h00
Um novo método para o diagnóstico de esquizofrenia, desenvolvido por cientistas brasileiros, poderá ser utilizado como exame complementar, permitindo que os médicos identifiquem a doença já na primeira consulta com 80% de precisão.
Empregando algoritmos para analisar a estrutura da fala dos jovens que apresentam sintomas iniciais de esquizofrenia, a técnica poderá antecipar o diagnóstico em pelo menos 6 meses, evitando o risco - em geral bastante comum - de submeter o paciente à medicação errada, segundo os pesquisadores.
O estudo que descreve o novo método foi publicado na revista científica Schizophrenia, do grupo Nature, por uma equipe liderada pelo neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro, ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
De acordo com Ribeiro, um dos maiores problemas atuais da indústria farmacêutica em psiquiatria é evitar tratar o paciente para a doença errada. "Essas doenças não têm base biológica clara e, portanto, não há exames inequívocos para o diagnóstico", disse o cientista ao Estado.Em pesquisas anteriores, utilizando modelos matemáticos para analisar a estrutura do discurso dos esquizofrênicos, os cientistas perceberam eles têm uma fala notavelmente empobrecida, quase aleatória. Os pacientes estudados, porém, já haviam sido diagnosticados e sofriam da doença há muito tempo, apresentando uma deterioração cognitiva bastante avançada e difícil de reverter.
No novo artigo, os cientistas, com uma análise muito mais sofisticada da fala dos pacientes, os cientistas conseguiram fazer medidas precisas do grau de aletoriedade da estrutura verbal.
"O objetivo era resolver um problema clínico: fazer o diagnóstico da esquizofrenia em adolescentes psicóticos ainda em seu primeiro contato clínico, quando o diagnóstico entre esquizofrenia, bipolaridade e outras doenças é muito mais difícil, justamente porque eles ainda não tiveram a deterioração cognitiva decorrente de uma longa história de crises psicóticas", disse.
Ribeiro explicou que atualmente, por conta da dificuldade do diagnóstico, é preciso acompanhar o paciente por 6 meses para definir o diagnóstico, para evitar uma medicação equivocada, que poderia ser desastrosa. Mas, nesse período, a degradação cognitiva pode se agravar.
"Mostramos que é possível calcular um número único - que chamamos de índice de fragmentação - capaz de prever com grande acurácia o diagnóstico da esquizofrenia 6 meses antes, na primeira entrevista psiquiátrica do paciente. Isso significa que o psiquiatra pode usar esse índice para dar um diagnóstico inicial mais certeiro já no primeiro encontro com o paciente", afirmou.
Aplicação clínica
De acordo com a médica psiquiatra Natália Mota, primeira autora do artigo da Schizophreny, a ideia inicial do estudo com foco na fala do esquizofrênico partiu de conceitos da psicopatologia clássica. Mesmo que uma pessoa tenha alucinações e delírios, é preciso ter algum critério para distinguir a esquizofrenia, que leva ao longo dos anos a uma deficiência cognitiva, de outras doenças como o transtorno bipolar. E a maneira de se expressar tem sido um critério para isso desde o século 19.
"Há muito tempo os sintomas da desordem do pensamento expressa na fala foram descritos como típicos da esquizofrenia. Não apenas o conteúdo do que a pessoa fala, mas a forma. O psiquiatra observa esses sintomas a partir do que chama de 'descarrilamento do pensamento e frouxidão das ideias'", disse Natália ao Estado.
Na primeira fase do estudo, os cientistas gravaram relatos simples feitos por pacientes crônicos de esquizofrenia - em surto psicótico e medicados - e por pessoas saudáveis. Os relatos foram então analisados com o uso da teoria dos grafos, um ramo da matemática que estuda as relações entre os elementos - neste caso, as palavras - de um determinado conjunto.
"Mostramos ali que o nosso método era capaz de medir as características da conectividade das ideias na fala dos pacientes, diferenciando com bastante precisão os sintomas negativos dos esquizofrênicos. Assim, imaginamos que essa poderia ser uma ferramenta importante para uma primeira avaliação clínica", explicou.
Segundo ela, no caso dos pacientes crônicos, o psiquiatra consegue perceber os sintomas com relativa facilidade, a partir do histórico das crises e das ideias que já apresentam clara falta de conectividade. Por outro lado, em crianças e adolescentes que começam a ter sintomas de isolamento e a escutar vozes de comando, por exemplo, o clínico tem mais dificuldade para diferenciar o problema de bipolaridade ou transtornos de comportamento.
"Percebemos que seria importante aplicar esse método de análise da fala logo início, a fim de poder rastreair quais pacientes poderiam desenvolver no futuro os sintomas negativos mais difíceis de tratar, como a degradação cognitiva."
Como foi o teste da técnica
A pesquiadora, que está concluindo o doutorado em neurociências no Instituto do Cérebro, passou então a acompanhar as crianças que chegavam para a primeira consulta em um Centro de Atenção Psicossocial Infantil em Natal.
Primeiro, as crianças eram convidadas a contar um sonho da noite anterior e a cientista gravava apenas 30 segundos do relato, a fim de obter um número restrito de palavras. Depois, elas também observavam imagens de conteúdo positivo, negativo, ou neutro e em seguida eram estimuladas a contar o que haviam visto, somando mais 30 segundos de gravação.
Depois da transcrição da gravação, os cientistas carregavam o arquivo de texto em um programa desenvolvido por eles nos estudos anteriores (e que é de uso aberto para os médicos que quiserem utilizar), cujo algoritmo quantifica as características da conectividade das palavras.
Seis meses depois do experimento, já com o diagnóstico das crianças definido, foi possível observar diferenças claras no discurso daquelas que apresentavam esquizofrenia - e testar se o método funcionava. As gravações também foram feitas com crianças sem sintomas, como controle.
"O que observamos - especialmente no relato do sonho - é que, já na primeira entrevista, as crianças que seis meses depois foram diagnosticadas com esquizofrenia contavam a história de uma forma bem menos conectada e menos complexa", disse Natália.
Salada de palavras
 O algoritmo também mostrou que, em relação à conexão das ideias, quando os cientistas embaralhavam todas as palavras, fazendo a estrutura do discurso desaparecer, o resultado totalmente aleatório que se formava tinha pouca diferença em relação à fala da criança esquizofrênica.
"Dos pacientes que receberam diagnóstico de esquizofrenia depois de seis meses, 64% tinham um discurso com conectividade indistinguível do aleatório. Entre os que receberam diagnóstico de transtorno bipolar, 30% tinham esse tipo de discurso", disse Natália. Entre as crianças que não tinham sintomas, apenas 5% apresentavam fala aleatória.
Depois, os pesquisadores combinaram os três diferentes componentes matemáticos utilizados para obter as medidas de aleatoriedade da fala, criando um número único - o índice de fragmentação da fala. O resultado foi ainda mais consistente.
"Ao combinar todos os atributos, descobrimos que o método conseguia prever o diagnóstico de esquizofrenia com mais de 80% de precisão", afirmou Natália.
A vantagem do método é que, além de ser preciso, barato e não-invasivo, é também muito rápido. Na primeira consulta, o clínico só precisa recolher dois relatos de 30 segundos e transcrever os discursos.
"Daí em diante, tudo é automatizado e o médico chega ao índice de framentação em questão de segundos. Quanto maior o índice, maior a chance do paciente ter sintomas mais graves de esquizofrenia", explicou a pesquisadora.
Fontehttp://ciencia.estadão.com.br

quinta-feira, 1 de junho de 2017

DELAÇÃO DE PALOCCI


Palocci concluirá o mosaico que desenha o rosto do chefão
A derrocada de Temer dinamitou a conversa fiada segundo a qual a Lava Jato foi tramada exclusivamente para destruir Lula e o PT
Por Augusto Nunes
access_time31 maio 2017, 18h49

Os devotos da seita que tem em Lula seu único Deus festejaram a delação de Joesley Batista, e a consequente derrocada de Michel Temer, com a euforia insensata típica de portadores de cérebros danificados pelo fanatismo. Ainda não descobriram que a presença de Temer entre os alvos prioritários da Lava Jato dinamitou a conversa fiada repetida a cada discurseira do palanque ambulante: a ofensiva anticorrupção desencadeada pela Justiça Federal de Curitiba não passa de uma trama concebida exclusivamente para destroçar o patrimônio eleitoral de Lula e desmoralizar o PT.

Sem álibis e sem saída, afundado até o pescoço no pântano infestado de larápios, o ex-presidente acaba de saber que o cerco está prestes a fechar-se: a delação premiada de Antonio Palocci fornecerá as peças que completam o mosaico que desenha, com chocante nitidez, o rosto e a alma do chefão do bando criminoso. Se alegar num tribunal que também não conhece Palocci, Lula só reforçará a suspeita de que, para escapar da cadeia, resolveu percorrer a rota que leva a uma clínica especializada em senilidade precoce.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/palocci-concluira-o-mosaico-que-desenha-o-rosto-do-chefao/

O PREÇO DO TABAGISMO

Tabagismo custa R$ 56,9 bilhões por ano ao Brasil

A arrecadação de impostos no país com a venda de cigarros é R$ 12,9 bilhões, o que gera um saldo negativo de R$ 44 bilhões por ano

31 maio 2017, 16h05

Tabagismo: o câncer de pulmão é o quarto motivo de morte relacionado ao tabagismo (Prakash Singh/AFP/AFP)
O Brasil tem um prejuízo anual de R$56,9 bilhões com o tabagismo.
Desse total, R$ 39,4 bilhões são gastos com despesas médicas e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos ligados à perda de produtividade, causada por incapacitação de trabalhadores ou morte prematura.
A arrecadação de impostos no país com a venda de cigarros é R$ 12,9 bilhões, o que gera um saldo negativo de R$ 44 bilhões por ano.
É o que revela o estudo Tabagismo no Brasil: morte, doença e política de preços e esforços, feito com base em dados de 2015 e apresentado hoje (31), Dia Mundial sem Tabaco, pelo Instituto Nacional do Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca), em evento no Rio de Janeiro.
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é a relacionada ao tabagismo que mais gerou gastos aos sistemas público e privado de saúde em 2015, com R$ 16 bilhões.
Doenças cardíacas vem em segundo, com custo de R$ 10,3 bilhões.
Também entraram no levantamento o tabagismo passivo, cânceres diversos, câncer de pulmão, acidente vascular cerebral (AVC) e pneumonia.
Em 2015, o estudo apontou a morte, no país, de 256.216 pessoas por causas relacionadas ao tabaco, o que representa 12,6% dos óbitos de pessoas com mais de 35 anos.
Do total, 35 mil foram por doenças cardíacas e 31 mil por DPOC.
O câncer de pulmão é o quarto motivo de morte relacionado ao tabagismo, com 23.762 casos.
O fumo passivo foi a causa de morte de 17.972 pessoas.
A diretora-geral do Inca, Ana Cristina Pinho, destaca que o tabagismo é a principal causa de mortes evitáveis no mundo.
“O Brasil é um dos pioneiros nessas políticas e os números mostram uma relação direta entre o controle do tabagismo e a redução da prevalência de determinados tipos de câncer, relacionados a esse hábito. São doenças absolutamente evitáveis, é um problema mundial, mas a conscientização acerca dos males relacionados ao tabagismo só vêm aumentando e os governos precisam adotar políticas de Estado, de nação, para efetivamente buscar essas estratégias de redução do uso do tabaco.”
Novas medidas
O estudo fez uma simulação para os próximos 10 anos com a elevação de 50% no preço dos cigarros.
Essa medida evitaria mais de 130 mil mortes, 500 mil infartos, 100 mil AVCs e quase 65 mil casos de câncer, além de ganhos econômicos de R$ 97,9 bilhões com o aumento da arrecadação tributária e a diminuição dos gastos com a saúde e perda de produtividade.
Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, que participou do evento por videoconferência, essa é uma das medidas em discussão no governo.
“Há uma proposta do aumento de 50% no preço dos cigarros, que implicaria em redução do consumo. Mas se houver muito contrabando não teremos o efeito que queremos com o aumento do preço e perdemos o controle da qualidade. Os cigarros contrabandeados representam mais da metade do consumo no Brasil e, evidentemente, não está sob controle da nossa vigilância sanitária”.
Outra medida, segundo o ministro, é proibir os aditivos de sabores ao cigarro, pois, segundo ele, esse é um subterfúgio para atrair adolescentes para o consumo de tabaco.
“Foi uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para proibir os aditivos de sabor ao cigarro. Foi judicializado pela indústria do tabaco e está sob julgamento no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria da ministra Rosa Weber, está com pedido de vista. Temos feito visitas, já fui pessoalmente, e temos insistido com a Advocacia Geral da União para agilizar isso”.
Vigitel
Também foram apresentados hoje os dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2016) relacionadas ao tabagismo.
De 2006 a 2016, a prevalência de fumantes na população caiu de 15,7% para 10,2%.
Homens fumam mais do que mulheres em todas as faixas de escolaridade, indo de 17,5% para homens e 11,5% para mulheres com até 8 anos de estudo e caindo para 9,1% dos homens e 5,1% das mulheres com mais de 12 anos de estudo.
Por faixa etária, a prevalência é 7,4% entre jovens com menos de 25 anos e 7,7% entre idosos com mais de 65. A faixa com mais fumantes, 13,5%, é a de adultos entre 55 e 64 anos.
Entre as capitais, Curitiba tem a maior proporção de fumantes (14%), seguida de Porto Alegre (13,6%) e São Paulo (13,2%).
A menor prevalência é em Salvador, com 5,1% de fumantes.
A professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e assessora técnica do Ministério da Saúde, médica Fátima Marinho, que apresentou os dados do Vigitel, explica que o Brasil tem três marcos que contribuíram para a redução do tabagismo: a proibição da propaganda e da glamourização do fumo em 2000, a proibição de fumar em ambientes fechados em 2005 e o aumento do imposto sobre cigarro de 2011 a 2016, aliado à obrigação das imagens de advertência nos maços (2008) e oferta do tratamento para deixar de fumar pelo Sistema Único de Saúde.
Para ela, agora, é preciso uma nova política para seguir reduzindo o consumo.
“Com o avanço na política, o consumo começa a reduzir. Depois começa a estabilizar e a gente precisa de uma media nova. O Brasil era um dos países com o menor preço de cigarro no mundo, e quando mexe no bolso consegue convencer as pessoas a fumar menos, então em 2011 começa essa nova fase com o preço mínimo. A partir de agora precisa de uma nova política, como as que o ministro anunciou.”
Segundo a secretária-executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq), Tânia Cavalcante, o Brasil é exemplo mundial de combate ao tabagismo, implementando as medidas do tratado.
Uma ação que precisa avançar, segundo ela, é oferecer alternativas aos produtores de tabaco do país.
“Somos o segundo maior produtor, o mais exportador, e temos 150 mil famílias presas nessa cadeia produtiva, dependentes economicamente. O que arrecadamos com o cigarro corresponde a 23% do que gastamos em saúde. Isso é um estudo que ainda subestima o custo, porque não avaliamos o impacto ambiental que essa produção causa, a contaminação por agrotóxico, a saúde do trabalhador que também adoece pelas doenças relacionadas ao tabaco, a poluição das águas, o desmatamento, já que é uma das culturas que mais desmata. Sem contar o custo intangível, que é o sofrimento das famílias e do indivíduo que contrai as doenças e da morte prematura.”
A Organização Mundial da Saúde  (OMS) lançou a campanha Tabaco: uma ameaça ao desenvolvimento, para discutir os impactos socioambientais em todo o planeta gerados pela produção e consumo de produtos derivados do tabaco.
Segundo a OMS, o consumo do tabaco mata mais de 7 milhões de pessoas todos os anos, sendo responsável por cerca de 16% de todas as mortes provocadas por doenças crônicas não transmissíveis.
O custo aos lares e aos governos passa de US$ 1,4 trilhão em despesas com saúde e com a perda de produtividade.
Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/tabagismo-custa-r-569-bilhoes-por-ano-ao-brasil/