O RELIGIOSO PERFEITO-I
“Se alguém se
considera religioso, mas não refreia a sua língua ferina, está apenas
enganando-se a si mesmo, e a sua religião não vale nada!” Tiago 1:26
1 “Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres na
igreja, pois nós mestres, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor do
que outros.
2 Todos nós cometemos
erros. Se alguém pode dominar a sua língua, isso prova que ele tem perfeito
domínio sobre si próprio em tudo o mais.
3 Podemos fazer com
que um cavalo grande se volte, e vá para onde quisermos, por meio de freios em
sua boca.
4 E um leme minúsculo
faz com que um navio enorme se volte para qualquer lado que o piloto queira que
vá, mesmo que os ventos sejam fortes.
5 Assim também a
língua é um pequeno órgão, mas se orgulha de grandes coisas! Uma grande
floresta pode incendiar-se por meio de fagulha pequenina.
6 E a língua é uma
chama de fogo. Está cheia de maldade e envenena todos os membros do corpo. E é
o próprio inferno que ateia fogo à língua, que pode transformar toda a nossa
vida numa chama ardente de destruição e desastre.
7 Os homens têm
domesticado, ou podem domesticar, qualquer espécie de animal ou ave que tem
vida, e qualquer réptil e criatura do mar,
8 Mas nenhum ser
humano consegue dominar a língua. Ela é incontrolável e está sempre pronta a
expelir seu veneno mortífero.
9 Com a língua damos
louvores ao nosso Senhor e Pai, e com ela rompemos em maldições contra os
homens que são feitos à semelhança de Deus.
10 E assim a bênção e
a maldição vêm brotando da mesma boca. Meus irmãos, é evidente que isso não está
certo!
11 Acaso pode uma
fonte d’água jorrar primeiro água doce e depois água amarga?
12 Meus irmãos, acaso
podemos colher azeitonas de uma figueira, ou figos de uma videira? Não! E não
se pode tampouco tirar água doce de um poço salgado.
INTRODUÇÃO
Vamos dividir este
tema em duas partes, uma abrangendo o Dom do Mestre e a outra o cuidado que
devemos ter com o nosso falar.
“A religião é a
melhor armadura para um homem possuir, mas a pior capa!” John Bunyan
Para Tiago o religioso
perfeito é aquele que é moldado pela Palavra de Deus!
O tema desse capítulo
de Tiago é o religioso perfeito, mas quem é ele?
O primeiro destaque que
abordaremos é o mestre.
1. O
RELIGIOSO PERFEITO NÃO PRECISA SER
MESTRE. (1)
A época de Jesus
Cristo e dos seus apóstolos era de lutas
e ambições pelo poder e pela honra.
Jesus perguntou a um
grupo de religiosos do Seu tempo: “Como
podeis vós
crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só
de Deus?” (João 5:44)
Como naquele época,
ainda hoje, em todas as comunidades, inclusive igrejas, há alguns tipos que se
acham mestres:
- Mestre Doutrinário – Não consegue evitar o orgulho doutrinário.
- Mestre de Opiniões – Ele é o melhor pensador analítico de opiniões. Só consegue confiar nas próprias opiniões! Pensa ser infalível.
- Mestre em todos os Conhecimentos – É o sabe tudo! É o que conhece mais do que todos os demais! Assim pensa!
O mestre “sabe tudo”,
sempre pensa que o seu conhecimento é o mais importante entre todos da
comunidade.
Nenhuma profissão
está mais exposta a gerar orgulho espiritual e intelectual do que a do mestre.
Tiago adverte que,
não devemos ambicionar sermos mestres, porque estes terão um juízo mais severo.
(1)
Paulo disse aos
romanos: “Tu que estás
persuadido que és guia de cegos, luz dos que se
encontram em trevas, instrutor de crianças,
tendo na lei a forma da sabedoria e da verdade; tu, pois, que ensinas a outrem,
não te ensinas a ti mesmo?...” Rom. 2:19-24
O que Paulo ensina
aqui, é que o verdadeiro mestre é aquele que da mesma maneira que está pronto
para ensinar, está pronto para aprender, e da mesma maneira que ensina, deve
ser um praticante.
2. MESTRE
É UM DOS DEZENOVE DONS DO ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO.
“E Ele
mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para
profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres,
com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço, para a edificação do
corpo de Cristo!” Efésios 4:11-12
Na Igreja primitiva
os mestres eram de primeiríssima importância. Sempre que são mencionados é-lhes
rendido honra.
Ilustr.: “Naqueles
dias, se fossem sequestrados um mestre e o pai de alguém da comunidade, quem
primeiro deveria ser resgatado, seria o mestre!”
Na Igreja, os mestres
trabalhavam dentro da congregação, e a grande importância de seu trabalho
consistia em que, os convertidos ao cristianismo lhes eram confiados para sua
instrução no evangelho e para sua edificação na fé cristã.
A imensa responsabilidade
do mestre consistia em pôr o selo de sua própria fé e conhecimento, nos
neófitos que estavam ingressando na Igreja.
O Novo Testamento
valoriza o mestre que bem desempenha o dom.
3. O
MESTRE PRECISA SER COERENTE ENTRE O ENSINAR E O PRATICAR
Houve mestres que ensinavam a outros
enquanto eles próprios não experimentavam nada da verdade que ensinavam!
“ENTÃO falou
Jesus à multidão, e
aos seus discípulos, Dizendo: Na cadeira de
Moisés estão
assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que
observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as
suas obras, porque dizem e não fazem; Pois atam fardos pesados e difíceis de
suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles,
porém, nem com o dedo querem movê-los!” Mateus 23:1-4
Eram mestres cuja
vida contradizia o seu ensino, e não
faziam outra coisa senão trazer desonra sobre a fé que representavam (Romanos
2:17-29)
Jesus e todo o Novo
Testamento reprovam esse tipo de mestre, porque o que Deus espera do mestre é
coerência entre o ensinar e a vida prática.
Quando eu ainda era
muito jovem, lí na escola uma história que nunca me esqueci. "A Assembleia dos
Ratos". Esses ratos moravam em uma casa abandonada, e numa determinada ocasião um
gato começou a comer ali os ratos. Preocupados, os ratos reuniram-se para decidir o que
poderiam fazer para resolver o problema. Todos os ratos falaram. De repente
houve uma ideia fantástica. Um rato chamado Casmurro, disse: “Eu tenho a
solução: Vamos ficar vigiando, e quando o gato aparecer no telhado, alguém vai
amarrar um guizo em seu pescoço, e assim, quando o gato estiver se aproximando,
todos nós poderemos ouvir o sinal, e fugir, e, assim, ele não encontrará nenhum para alimentar-se e nos
exterminar!” Todos acharam uma ideia genial, mas o rato que moderava a
assembleia perguntou: Quem irá amarrar o guizo no pescoço do gato? O rato que
deu a ideia foi o primeiro a negar-se a fazer tal trabalho, e assim, todos os
demais, e com isso, quem continuou lucrando foi o gato.
A moral dessa história
é que “dizer é fácil, fazer é que são elas!”
Isso é o que o Novo
Testamento reprova, mas é exatamente o que acontece em Estudos Bíblicos nos Lares, nos púlpitos e classes de
Escola Bíblica, em nossas igrejas.
Um bom exemplo disso
está no fato de que muitos crentes falam muito sobre consagração, avivamento, (até
deixam as programações de sua igreja para procurar cultos que chamam de “Que
maravilha!”, “Que poder!”, “Quem Unção!”), mas não consagram a Deus os seus bens dizimando e ofertando, não frequentam com
regularidade os cultos de oração, nunca leram a sua bíblia do Gênesis ao
Apocalipse nenhuma vez, e a igreja não pode contar com eles no trabalho de
visitação e evangelismo, e assim vai a falta de espiritualidade deles.
Tiago disse que não
podemos ser apenas ouvintes da Palavra de Deus, e sim, praticantes.
Jesus disse: “Assim,
todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um
homem sábio, que construiu a sua casa sobre a rocha. E caiu a chuva, vieram as
enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, mas
ela não caiu, pois tinha seus alicerces na rocha. Pois, todo aquele que ouve estas minhas
palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a
areia. E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com
violência contra aquela casa, e ela desabou. E grande foi a sua ruína”. Mateus 87:24-27 (KJA)
O que com facilidade
podemos ver em nossos dias, é que muitos membros de Igreja acham mais fácil
aproveitarem-se da consagração e sacrifício de outros crentes, em outras
igrejas e denominações, do que esforçarem-se para serem praticantes da Palavra de Deus em sua igreja,
e ajudá-la a crescer e prosperar.
É muito bom saber o
que Deus espera de cada um de nós, mas temos que saber, também, que quanto mais
Deus nos dá, mais Ele exige de nós.
Jesus disse: “Aquele
servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem
age para agradá-lo, será castigado com extrema severidade. Contudo, aquele que
não conhece a vontade do seu senhor, mas praticou o que era sujeito a castigo,
receberá poucos açoites. A quem muito foi dado,
muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais
ainda será requerido!” Lucas 12:47-48 (KJA)
O mestre nos moldes
bíblicos conhece a vontade do seu Senhor e obedece para agradá-Lo.
4. MESTRE
É UM OFÍCIO QUE MERECE MUITO CUIDADO.
Tiago está convencido
de que, o ensino é uma ocupação perigosa
para qualquer pessoa.
O instrumento do
mestre é a fala e seu agente a língua, e como diz Ropes, Tiago estava
preocupado em destacar "a responsabilidade dos mestres e o perigoso
caráter do instrumento que tinham que usar".
Há dois perigos que
todo mestre deve evitar. Em virtude de seu ofício, porque ensinará:
- Aos que são jovens em idade,
- Aos que são meninos na fé.
Diante disso, durante
toda sua vida terá que ter dois cuidados:
- O cuidado em estar ensinando a verdade e não suas próprias opiniões, ou até seus preconceitos. Ensinar a versão de Deus, e não a sua própria versão da verdade.
É infelizmente fácil
para um mestre, manipular a verdade!
2. Tem que cuidar-se
muito de que sua vida não contradiga o que está ensinando!
É excelente, que o
mestre não se veja forçado a dizer continuamente: “Faça o que eu falo, mas não
o que eu faço!”
O mestre nunca deve
chegar à situação, em que seus aprendizes e liderados já não possam ouvir o que
diz, por ver o que ele é no dia a dia!
O fundamento bíblico
para o mestre consiste de três coisas:
- Aprender,
- Ensinar, e
- Fazer!
CONCLUSÃO
Hoje, quem são os
mestres dentro da igreja? São o pastor, os pregadores, os professores da Escola Bíblica, e todos os
que se dedicam ao ensino em todas as áreas.
As pessoas às quais
Tiago estava escrevendo, cobiçavam o prestígio e o lugar de honra que
desfrutavam os mestres, e por isso ele lhes exigia não esquecer jamais das suas
responsabilidades.
Por ser um dom do
Espírito Santo, mestre é uma carreira especial, e está sob uma especial
responsabilidade se fracassar nela.
O mestre cristão é um
homem ou mulher de oração!
No livro “Igreja
Celeiro de Deus”, o escritor batista Darrell W. Robinson, descrevendo esse dom,
diz: “O mestre é alguém que em sua tarefa tem em primeiro lugar, um amor
profundo pela Palavra de Deus, e grande preocupação em conhecê-la e ensiná-la. Ele
é alguém estudioso, que aprende e ensina com mais profundidade do que outros na
igreja para alcançar pessoas, treiná-las
e equipá-las, para trabalharem para Cristo. O mestre é alguém equipado para
compartilhar Cristo com os perdidos, e levá-los ao desenvolvimento e
crescimento da vida cristã, até alcançarem a maturidade cristã! Ele capacita os
membros e os equipa para a vida, testemunho e ministério.”
Ser um mestre segundo os ensinamentos bíblicos, é sim, parte da vida de um religioso perfeito.
Ser um mestre segundo os ensinamentos bíblicos, é sim, parte da vida de um religioso perfeito.
APELO:
Você é um mestre segundo os padrões da Palavra de Deus? Reflita e tome as decisões necessárias que o ajude a melhorar.
Você é um mestre segundo os padrões da Palavra de Deus? Reflita e tome as decisões necessárias que o ajude a melhorar.
Pr. José das Graças
Silva Oliveira
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1.Barclay, James William – The Letter of James. Tradução: Carlos
Biagini.http://minhateca.com.br
2. Bíblia Shedd
3. Everett F. Harrison. Comentário Bíblico Moody. Vol. 5. 1ª Edição,
Imprensa Batista Regular. 1993
4. Allen, Clifton J. Comentário Bíblico Broadman: N.T. V. 12.
Tradução:
Adiel Almeida de Oliveira. Rio de Janeiro.
JUERP.
1985
5. Champlin, Russell
Norman. O Novo Testamento Interpretado
Versículo Por Versículo. V. 6. 1ª Edição.
Milenium Distribuidora
Cultural Ltda. São Paulo. 1982
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