"O som mais assustador que já ouvi foi o de carros no meio da noite”
15 abr 2013 COREIA DO NORTE
Hye aprendeu sobre Kim Il-Sung, o "Grande
Líder" da Coreia do Norte, na escola e sobre Deus em casa. Ela passou sua
infância brincando do lado de fora da residência, enquanto os adultos
realizavam encontros cristãos absolutamente secretos do lado de dentro. Sua avó
era a líder do grupo de irmãos. Mesmo sendo criança, Hye tinha uma missão muito
importante : Sempre quando alguém se aproximava do portão de sua casa,
a pequena Hye corria o mais rápido possível para avisar aos seus pais que o
culto deveria ser interrompido. Esse foi o maior propósito de sua vida durante
muitos anos, até a polícia secreta prender o seu pai. Tudo aconteceu em 1994, quando Kim Il-Sung, o "Grande Líder" morreu e
a Coreia do Norte estava de luto (hoje, 15 de abril, comemora-se o 101º
aniversário dele). Hye deixou sua casa por algumas horas sem saber que não
tornaria ver seu pai novamente. Oficiais da Agência de Segurança Nacional
invadiram a casa de sua família durante um culto e levaram seu pai preso.
Quando
Hye chegou em casa, ficou esperando seu pai abrir o portão. Ela era a caçula de
seus irmãos, sempre foi tratada com todo o cuidado. Seu pai a recebia com um
abraço apertado todas as vezes que ela voltava da escola. Mas dessa vez, ele
não estava lá. Hye procurou por ele em seu quarto, mas também não estava lá.
Foi então que ela percebeu que o seu maior medo havia se tornado realidade: seu
pai fora preso pelo governo da Coreia do Norte.
Hye ficou inconsolável, arrasada! Será que ela poderia culpar a Deus pela tragédia que havia acometido sua família? Mesmo em meio à dor, ela não pensava dessa forma. Na verdade, nem houve tempo para isso. Apenas duas semanas depois, a avó de Hye – sua grande heroína na fé – faleceu.
Hye ficou inconsolável, arrasada! Será que ela poderia culpar a Deus pela tragédia que havia acometido sua família? Mesmo em meio à dor, ela não pensava dessa forma. Na verdade, nem houve tempo para isso. Apenas duas semanas depois, a avó de Hye – sua grande heroína na fé – faleceu.
Vovó havia lhe ensinado tantas coisas sobre o
relacionamento com Deus. Apesar de viverem dias difíceis, sua avó sempre lhe
dizia para confiar no Senhor Jesus. Hye conta sob quais circunstâncias aprendeu
a admirá-la ainda mais: "Sabíamos que as mesmas pessoas que haviam
prendido o meu pai estavam vindo atrás de nós. Então, teríamos de queimar nossa
Bíblia".
Apesar de seu grande apego àquele livro, a avó acalmou a todos, mas fez com que a família prometesse algo que marcou a vida de Hye para sempre: "Prometam-me que vocês irão perseverar firmes na fé".
Quando as chamas devoraram as páginas da Bíblia, vovó chorou intensamente, fechou os olhos e partiu para morar no céu. "Todos nós morreremos um dia. Talvez nós, cristãos, morramos um pouco mais cedo do que os outros porque o céu espera por nós!", dizia a senhorinha que tanto inspirou a vida cristã de Hye.
Apesar de seu grande apego àquele livro, a avó acalmou a todos, mas fez com que a família prometesse algo que marcou a vida de Hye para sempre: "Prometam-me que vocês irão perseverar firmes na fé".
Quando as chamas devoraram as páginas da Bíblia, vovó chorou intensamente, fechou os olhos e partiu para morar no céu. "Todos nós morreremos um dia. Talvez nós, cristãos, morramos um pouco mais cedo do que os outros porque o céu espera por nós!", dizia a senhorinha que tanto inspirou a vida cristã de Hye.
Com a Bíblia de seu pai confiscada e a de sua
avó, queimada, não havia mais a Palavra de Deus na casa, exceto pelo que eles
haviam decorado.
"Desesperadamente, minha irmã escreveu em
um papel tudo o que lembrava e guardou em um lugar secreto. Ela lia sempre que
estava passando por momentos difíceis. Acontece que, aqui na Coreia do Norte,
praticamente todos os momentos são difíceis. Ainda mais se você é
cristão", relembra Hye.
A sobrevivência de cada dia
O medo de ser preso como o pai assombrou a
família de Hye por muito tempo. "O som mais assustador que já ouvi foi o
de carros no meio da noite", confessou ela. Quase não havia carros na
região onde moravam. Por isso, todas as vezes que ouviam um veículo passando,
pensavam que aqueles policiais iriam buscá-los também. "Na manhã seguinte,
as pessoas olhavam pelas janelas de outras casas para ver se alguma família
estava faltando. Estávamos sempre preparados para deixar nosso lar".
Hye viveu nessa situação vulnerável e instável
por mais de dez anos até que conseguiu atravessar a fronteira da Coreia do
Norte com a China. Tempos depois conseguiu chegar à Coreia do Sul, onde vive
hoje. Tempos depois, sua mãe fez o mesmo trajeto. Assim que ambas foram
reconhecidas como refugiadas, elas se juntaram ao grande número de cristãos
norte-coreanos que imigraram por conta da perseguição e opressão.Refugiados, como Hye, não entendem como as coisas podem ser
mantidas como são hoje: "O governo ignora a liberdade em
todos os âmbitos, o nível dos direitos humanos é de zero. Não pode se praticar
nenhuma religião. O líder da Coreia do Norte tem de ser adorado como deus, e
isso não vai mudar, a menos que o regime entre em colapso", disse um
deles.
A Portas Abertas tem amparado refugiados como
Hye na China, a porta de escape de vários deles. Para aqueles que, ao contrário
de Hye, não conhecem a Jesus, nossos colaboradores explanam a Palavra de Deus,
e muitos têm se convertido e voltado como missionários a sua terra natal.
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