quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ABUSOS DE CRIANÇAS

Vaticano ignora investigação sobre abusos de crianças

Vaticano ignora investigação sobre abusos de criançasBispo acusa Roma de não colaborar com o inquérito aos "vergonhosos" casos de pedofilia cometidos por 46 padres da Arquidiocese de Dublim, entre 1975 e 2004.
O bispo auxiliar de Dublim, Eamonn Walsh, acusou ontem o Vaticano de não querer colaborar nas investigações sobre os abusos sexuais de crianças que ocorreram na arquidiocese de Dublim, entre 1975 e 2004. "Estou muito desapontado e surpreendido com a falta de resposta" de Roma, disse o bispo, citado pela agência de notícias Bloomberg.
O desabafo (a título pessoal) daquele responsável católico mostra as profundas feridas que o caso dos abusos está a provocar na Irlanda e em toda a comunidade católica. Segundo um relatório oficial divulgado anteontem, a Igreja irlandesa e o Estado encobriram crimes cometidos por padres e dos quais tinham conhecimento, preferindo evitar o escândalo, mesmo que à custa das vítimas.
Tudo indica que o Vaticano não forneceu dados vitais que devia ter na sua posse. Na investigação oficial dos abusos e respectivo encobrimento, foram pedidas informações à Congregação para a Doutrina e a Fé, o poderoso organismo da Igreja responsável pela pureza ideológica do catolicismo. Estas informações diziam respeito a elementos que Dublim enviara para o Vaticano sobre os abusos sexuais dos seus padres.
O Vaticano respondeu ao Ministério dos Negócios Estrangeiros irlandês, dizendo que o pedido de informação não seguira as vias diplomáticas. Por isso a comissão que investigou os abusos solicitou os relatórios ao núncio papal em Dublim. Não houve resposta.
A título oficial, o Vaticano não comentou o caso de abusos sexuais, dizendo apenas que se tratava de um assunto da igreja local. A arquidiocese de Dublin já fez mea culpa. O arcebispo Diarmuid Martin afirmou na quinta-feira que o mal causado às crianças não poderá jamais ser reparado. "Apresento a cada um dos sobreviventes as minhas desculpas, o meu desgosto e a minha vergonha pelo que se passou", disse o arcebispo.
O número de vítimas será no mínimo de 320. Só um dos 46 padres investigados abusou de mais de cem crianças. O relatório da Comissão de Investigação sobre a Arquidiocese de Dublim, conhecido por relatório da comissão Murphy, acusa quatro antigos arcebispos de Dublim (todos falecidos e o arcebispo Martin não incluído) de não terem denunciado à polícia abusos sexuais de que tinham conhecimento.
Em Maio fora publicado outro relatório (de nome Ryan) que já tinha chocado profundamente a Irlanda. No actual caso, prova-se o encobrimento das autoridades dos crimes cometidos por 46 padres, que geralmente foram apenas transferidos de paróquia. Apenas 11 dos 46 suspeitos se consideraram em tribunal culpados de abusos sexuais. A maior parte das queixas veio de rapazes.
Dos 11 padres que pertenciam a ordens religiosas, sete ainda estão vivos, dois deles sem qualquer restrição na sua existência. Dos 34 da Arquidiocese de Dublim, 24 estão vivos, 11 deles suportados pela diocese, mas vivendo sob restrições. 


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